sexta-feira, 10 de junho de 2011

" A disciplina do amor"

   Eu gosto muito desse texto escrito por Lygia Fagundes Telles.

     " A DISCIPLINA DO AMOR"

   "     Foi na  França,durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias,pontualmente,ia esperá-lo voltar do trabalho.Postava-se na esquina,um pouco antes das seis da tarde.Assim que via o dono,ia correndo ao seu encontro e,na maior alegria,acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia,chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos.Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado.Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina,fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé,atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte.Então,disciplinadamente,como se tivesse um relógio preso à pata,voltava ao seu posto de espera. O  jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram
 prendê-lo,distrraí-lo.Tudo em vão.Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido,todos os dias.Todos os dias.Com o passar dos anos ( a memória dos homens! ) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou.Casou-se a noiva com um primo.Os familiares voltaram-se para outros familiares.Os amigos,para outros amigos.Só o cachorro já velhíssimo ( era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina.As pessoas estranhavam,mas quem esse cachorro está esperando?...Uma tarde( era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.


         Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor.
         Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1980.p.99

  O cachorro continuou a ir diariamente à eaquina,à espera do amado dono ,com  o passar dos anos as pessoas foram esquecendo do jovem.Enfim,o ser humano,tem uma memória curta para o afeto ,enquanto os animais amam e jamais se esquecem aquele que um dia lhe deu amor e carinho.É por isso que eu gosto dos animais e os trato com muito carinho,eles sempre demonstram fidelidade e devolvem em dobro o carinho recebido.Eu amo animais!
   Lúcia

   10/06/011